sexta-feira, 24 de abril de 2009

textos

Testemunhos de Amor e Textos Diversos :



Sem olhos, sem dono

Se eu pudesse falar

Lágrimas

Feio, o gato

Chico Xavier e os animais

São Francisco e o lobo

Albert Schweitzer - Exemplo de amor aos animais

Boneca & Chico Xavier

O gato - Arthur da Tavola

Ter um animal, dependendo das condições, não é mérito nenhum..

Mila




Perca um minutinho e leia estes artigos

Sem olhos, sem dono

Já me perguntaram e eu mesmo me pergunto qual seria a imagem mais completa e dramática do abandono, da desgraça, da miserabilidade. Respondo aos outros, mas nem sempre tenho coragem de responder a mim: a do cão cego e sem dono. Ou pior: a do cão sem dono e cego.


Deve parecer exagero atribuir a um cão um dos atributos mais comuns à espécie humana. Mas o homem tem sempre uma alternativa, a de acabar com tudo quando nada mais suportar. Já disseram que o único problema que realmente enfrentamos é o suicídio, uma capacidade que os animais não têm, exceto, segundo já me disseram, mas não tenho certeza, o escorpião.


Além de dispor de uma saída radical para a miséria e o abandono, o homem é responsável, até certo ponto, pelo seu destino. Há sempre uma esquina errada que ele dobrou pela vida afora e cujo preço pagará inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde.


O cão sem dono e cego é uma coisa viva e sofredora, sem apelação, pior do que inútil e desgarrado, pior do que desesperado, pois adquire a mansa lucidez de sua tristeza, de seu abandono, e desconfia de que nada possa mudar o seu destino.


À esta altura da crônica, antes que o possível leitor me faça, faço eu mesmo a pergunta: por que estou escrevendo um texto tão triste, tão despropositado e, acima de tudo, tão discutível? Afinal, eu não sou cego, ainda não cheguei ao ponto de me considerar um cão e tenho muitos donos, donos demais. De que estou reclamando? Não sou pago para escrever sobre um assunto que nem merece a condição de assunto. Mas escrito está.


Ontem, esbarrei com um cão sem dono e cego, que mancava de uma das patas, os olhos vazados não me viram, mas ele deve ter sentido o meu cheiro, a minha catinga humana. Vagava sem rumo aqui na Lagoa. Não o trouxe para casa.


Quem é mais miserável?

Fonte: Folha de São Paulo ( 16/10/03 )

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Se eu pudesse falar

Não passe tão indiferente
só porque eu não sou gente,
só porque não sei falar.
Também sou um ser vivente
sinto as dores que você sente,
mas não posso me expressar.

Sou um bicho abandonado,
pela vida maltratado,
quase sempre escorraçado,
até mesmo apedrejado!
Vivo sedento e faminto,
ninguém quer saber o que sinto!

Se fico doente e triste
vejo logo um dedo em riste
E vem a sentença fatal:
- Melhor matar este animal!
- Ele deve estar raivoso!

Para sua comodidade vive dizendo inverdade
fazendo muita maldade
seu mentiroso
mesmo que esteja raivoso
já foi descoberta a vacina.

Mas para a sua raiva humana
ainda não existe remédio,
nenhuma medicação
com toda sua evolução, na história da medicina!

Você mata o próprio irmão
faz guerras, assalta,
mata com ou sem razão,
as vezes por ambição
É bem pior que eu!
que chamam de vira-lata!!

Olhe bem pro meu semblante!
- Estou triste, apavorado!
pois, a qualquer instante
posso ser sacrificado!
Mas você não se importa
nem com o seu semblante!

Você sim, está doente, egoísta, indiferente.
Mas se algo ruim lhe acontece
logo lembra que há Deus,
chora, reza e faz prece...
Mas Deus só ajuda
aquele que de todos se compadece.

Lembre-se do que escreveu
São Francisco de Assis:
QUEM MALTRATA UM ANIMAL JAMAIS
PODERÁ SER FELIZ!


(Autor Desconhecido)


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Lagrimas

O pequeno rapazinho laranja parou. Atrás dele gatinhos brincavam perseguindo-se uns aos outros, lutando, iluminados pelo sol quente.


Parecia tudo tão divertido, mas na frente dele, através da limpidez da água da fonte, ele conseguia ver a sua mamã. Ela estava a chorar. Ele deu patadas na água tentando chegar até ela, e quando isso não resultou ele saltou para dentro da água pouco profunda. A única coisa que conseguiu foi ficar molhado, e a imagem da mamã desvaneceu-se na leve ondulação da água.


- "Mamã!"- ele gritou - "Há alguma coisa errada?"


O pequeno rapazinho laranja olhou em volta.. Uma senhora estava sentada na beira da fonte, os olhos eram tristes, mas cheios de Amor. O pequeno rapazinho laranja suspirou e caminhou para fora da água.


"Houve um erro" disse ele. " Não é suposto eu estar aqui."


Ele olhou de volta para a água. Esta começava a ficar parada novamente e a imagem da Mamã estava a voltar de novo.


"Sou só um bebê! A Mamã disse que só podia ser um erro, ela disse que não era suposto eu vir para aqui já!"


A senhora sorriu suavemente e sentou-se na relva. O pequeno rapazinho laranja subiu-lhe para o colo. Não era o colo da mamã, mas era quase tão bom como o dela. Quando ela começou a fazer-lhe festas, e a tocar-lhe por baixo do queixo ele não conseguiu evitar um ronron.


" Não houve erro nenhum. Este é o teu lugar agora." disse ela" e no fundo do seu coração a tua mamã sabe que isso é verdade" O pequeno rapazinho laranja suspirou e pousou a sua cabeça na perna da senhora.


"Mas ela está a chorar. Fico triste de a ver assim. E ao papá também.


"Mas eles sabiam desde o inicio que isto podia acontecer." disse ela.


"Que eu estava doente?" disse surpreendido o pequeno rapazinho laranja.


Nunca ninguém tinha falado no assunto, nem mesmo durante as conversas que eles tinham quando pensavam que ele estava a dormir. Tudo o que ele sempre os ouvira falar era de como ele era bonito, brincalhão, ou de como estava a ficar grande.


"Não, não estavas doente." disse a senhora " Mas eles escolheram as lágrimas...
"Não escolheram, não!" argumentou o pequeno rapazinho laranja."Quem é que iria escolher as lágrimas?"


A senhora deu-lhe um beijo no cimo da cabeça. Isso fê-lo sentir-se protegido e amado - mas mesmo assim ele continuava preocupado com a sua mamã.


"Deixa-me contar-te uma história" disse a senhora. O pequeno rapazinho laranja olhou em volta e viu outros animais que se aproximavam. Gatos - Ninão, Patinhas, Menina, e os pequeninos Boji e Azur. Mago e Tobias, e Paco e Zacarias. Dulcineia e Candy e Obbie. E cães também - Seara e Bebé, e Laica e Ulisses, e Linda e Ringo. Até um lagarto chamado Sol, e uns ratinhos chamados Tobias e Naná e um hamster chamado Fofinho. Todos eles se deitaram perto da bela senhora e olharam para ela, à espera. Ela sorriu para eles e começou:


"Há muito muito tempo, os Seres Amados foram ter com um Anjo. Sentiam-se sozinhos e pediram ao Anjo para os ajudar. O Anjo levou-os para um passeio e mostrou-lhes uma parede feita de janelas em vidro. Deixou-os olhar pela primeira janela, que tinha do outro lado, toda a espécie de coisas - bonecas, peluches, carros, brinquedos e jogos.
"Aqui estão algumas coisas de que podem gostar" disse o Anjo" Elas vão ajudar-vos a não se sentirem sozinhas"


"Oh! Obrigado" disseram os Seres Amados " Era mesmo disso que estávamos a precisar "
" Vocês escolheram o Prazer" disse-lhes o Anjo.


Após algum tempo, os Seres Amados voltaram novamente para falar com o Anjo.
" É bom gostar de coisas e fazer coisas" disseram eles." Mas essas coisas não se importam se gostamos delas ou não"


Então o Anjo levou-os até à segunda janela. Esta janela tinha do outro lado todo o tipo de animais selvagens. " Aqui estão animais de que vocês podem gostar" disse ele."Eles saberão que vocês os amam."


Os Seres Amados correram ansiosos para tomar conta dos os animais selvagens.
" Vocês escolheram a Satisfação" disse o Anjo.


Alguns dos Seres Amados foram trabalhar em zoológicos e reservas animais, alguns apenas alimentavam pássaros nos seus quintais, mas após algum tempo eles voltaram para falar com o Anjo.


"Eles sabem que nós os amamos" disseram eles ao Anjo" Mas eles não nos amam.
Nós queremos ser amados!".


Então o Anjo levou-os até à terceira janela e mostrou-lhes do outro lado muitas pessoas que andavam apressadas dum lado para o outro.


" Aqui estão pessoas que vocês podem amar" disse-lhes o Anjo.


Os Seres Amados correram ao encontro dessas pessoas, pessoas que podiam amar.
" Vocês escolheram o Compromisso" disse o Anjo.


Mas após algum tempo, os Seres Amados voltaram novamente para falar com o Anjo
" É bom gostar de pessoas" disseram eles." Mas por vezes eles param de nos amar e deixam-nos...Partem os nossos corações."


O Anjo abanou a cabeça." Não posso ajudar-vos" disse ele " vocês terão de contentar-se com as escolhas que já vos dei.


Quando os Seres Amados se estavam a ir embora, um deles conseguiu olhar através de uma janela que ainda não tinham visto. Através do vidro ele conseguiu ver cachorros e gatinhos, cães e gatos, lagartos e hamsters e furões.


Os Seres Amados correram para eles." E estes?" perguntaram eles.


Mas o anjo tentou afastá-los. "Esses são Treinadores Pessoais de Empatia" disse ele " Mas há um problema com os sistemas deles."


"Eles vão saber que os amamos?" perguntou um dos Seres Amados.


" Sim", disse o Anjo.


" E vão amar-nos também?" perguntou outro dos Seres Amados.


" Sim", disse o Anjo.


" Vão parar de nos amar?" perguntou outro.


"Não" admitiu o Anjo. "Eles vão amar-vos para sempre."


"Então são estes que nos queremos!" disseram os Seres Amados.


Mas o Anjo estava muito perturbado. " Vocês não percebem", disse-lhes ele." Vocês vão ter de alimentar estes animais".


"Não faz mal" disseram os Seres Amados.


" Vocês vão ter de os limpar e tomar conta deles"


" Não nos importamos".


Os Seres Amados não queriam ouvir.. Correram para onde estavam os animais, agarram-nos, e viram refletidos nos seus olhos o amor que tinham nos seus próprios corações.


" Eles não foram bem programados" disse o Anjo." Não podemos dar-vos uma garantia. Não sabemos quanto tempo eles duram...uns duram pouco, outros muito..."


Mas os Seres Amados não queriam saber. Eles seguravam os pequenos corpinhos quentes e sentiam os seus corações tão preenchidos de amor que até pareciam ir rebentar.
" Nós vamos arriscar" disseram eles.


"Vocês não entendem" tentou o Anjo mais uma vez." Eles são tão dependentes de vocês que mesmo o mais perfeito não foi desenhado para vos sobreviver. Vocês estão destinados a sofrer com a sua perda"


Os Seres Amados olharam para os animaizinhos aninhados nos seus braços e todos concordaram.


" É assim que deve ser. É uma troca justa para o amor que eles oferecem"
O Anjo ficou a vê-los afastarem-se e abanou a cabeça.


" Vocês escolheram as Lágrimas" sussurrou ele.


" E foi assim..." disse a bela senhora aos gatinhos. "E por isso, cada mamã e papá sabe. Quando eles deixam um bebê entrar no seu coração, eles sabem que um dia ele os deixará, e que eles irão chorar."


"Então, porque é que eles nos levam?" perguntou ele.


"Porque, mesmo um instante, um momento do vosso amor, vale anos de sofrimento mais tarde". disse a senhora.


"Oh...." O pequeno rapazinho laranja saltou do colo da senhora e voltou a pular para o bordo da fonte.


A mamã ainda estava lá, ainda estava a chorar.


" Será que algum dia ela vai parar de chorar?" perguntou ele à senhora.


Ela acenou com a cabeça." Sabes, o Anjo teve pena dos Seres Amados, ele sabia que eles iam sofrer muito. Não podia tirar-lhes as lágrimas, mas fê-las especiais". Ela mergulhou a mão na água e deixou-a escorrer por entre os dedos." O Anjo fez com que as lágrimas fossem curativas, feitas da água especial desta fonte. Cada lágrima tem nela todos os momentos felizes, todo o amor que partilharam , e também a promessa de amar de novo. Quando a tua mamã chora, ela está a melhorar. Pode demorar, mas as lágrimas vão fazer com que se sinta melhor. Com o tempo ela vai sentir-se cada vez menos triste, e ela vai sorrir quando pensar em ti. Então ela vai abrir novamente o seu coração para outro pequeno bebê.


"Mas então, um dia ela vai chorar novamente," disse o pequeno rapazinho laranja.
A senhora sorriu "Não, ela vai amar novamente, é só isso que ela vai pensar". Depois pegou no Ninão e no Patinhas e apertou-os levemente nos seus braços, em seguida coçou a orelha da Menina mesmo como ela gostava.


"Olhem" disse ela. " As borboletas voltaram. Vamos brincar?" Os outros animais correram todos, mas o pequeno rapazinho laranja ainda não estava pronto para deixar a sua mamã.
"Algum dia vou voltar a estar com ela?"


A senhora acenou com a cabeça afirmativamente.


" Tu estarás nos olhos de cada gatinho que ela olhar, estarás no ronronar de cada gatinho que ela tiver no colo. E à noite, quando ela adormecer, o teu espírito irá aconchegá-la e vocês dois sentir-se-hão em paz. Um dia poderás mandar-lhe um arco-íris para lhe dizeres que estás seguro e à espera dela.


"Eu gostaria que isso acontecesse" disse o pequenos rapazinho laranja e olhou para o reflexo da sua mamã.


Ele olhou para o leve sorriso que ela fez enquanto as lágrimas continuavam a correr e soube que ela se tinha lembrado, daquela vez em que ele quase tinha caído na banheira.


"Gosto muito de ti mamã" sussurrou ele."Não faz mal se chorares." Ele olhou de relance para os outros animais que brincavam e riam com as borboletas."


"Mamã? Tenho de ir brincar agora, está bem? Mas eu vou olhar por ti, prometo-te, está bem?" Depois, ele correu e foi juntar-se aos outros animais que brincavam.

( Tradução: Carla Martins )

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Feio, o Gato

Todos no prédio de apartamentos onde eu morava sabiam quem era o Feio. Feio era o gato vira-lata do bairro.


Feio adorava três coisas neste mundo: brigas, comer lixo e digamos, amor. A combinação destas três coisas adicionada a uma vida nas ruas tinham causado danos em Feio.


Para começar, ele só tinha um olho, e no lugar onde deveria estar o outro olho, havia um buraco fundo. Ele também havia perdido a orelha do mesmo lado, e seu pé esquerdo parecia ter sido quebrado gravemente no passado, e o osso curara num ângulo estranho, fazendo com que ele sempre parecesse estar virando a esquina. Feio havia perdido a cauda há muito tempo, e restava apenas um toco de cauda grosso, que ele sempre girava e torcia.


Todos que viam Feio tinham a mesma reação:
-"Mas que gato feio!!"


As crianças eram alertadas para não tocarem nele. Os adultos atiravam pedras nele, jogavam-lhe água com a mangueira para espantá-lo, o enxotavam quando ele tentava entrar em suas casas, ou imprensavam suas patas na porta quando ele insistia em entrar.


Feio sempre tinha a mesma reação. Se você jogasse água nele com a mangueira, ele não saía do lugar, ficava ali sendo ensopado até que você desistisse. Se você atirasse coisas nele, ele enroscava seu corpinho magricela aos seus pés, pedindo perdão.


Sempre que via crianças, ele surgia correndo, miando desesperadamente e esfregando a cabeça em todas as mãos, implorando por amor. Quando eu o apanhava no colo, ele imediatamente começava a sugar minha blusa, orelhas, ou o que encontrasse pela frente.


Um dia, Feio quis dividir seu amor com os huskies do vizinho. Eles não eram amistosos e Feio foi ferido gravemente. Do meu apartamento, eu ouvi seus gritos e corri para tentar ajudá-lo. Na hora em que cheguei onde ele estava caído, parecia que a triste vida de Feio estava se esvaindo... Feio estava caído em uma poça, suas pernas traseiras e suas costas estavam totalmente disformes, um corte fundo na listra branca de pêlo atravessava seu peito. Quando eu o apanhei e tentei levá-lo para casa, ele fungava e engasgava, podia senti-lo lutando para respirar. - "Acho que o estou machucando muito", eu pensei. Então, eu senti a sensação familiar de Feio chupando minha orelha - em meio a tamanha dor, sofrendo e obviamente morrendo, Feio estava tentando sugar minha orelha. Eu o puxei para perto de mim e ele esfregou a cabeça na palma da minha mão, olhou-me com seu único olho dourado e começou a ronronar. Mesmo sentindo tanta dor, aquele gatinho feio, cheio de cicatrizes de suas batalhas, estava pedindo um pouco de carinho, talvez alguma comiseração. Naquele instante, achava que Feio era o gato mais lindo e adorável que eu já tinha visto. Em nenhum momento, ele tentou me arranhar ou morder, nem mesmo tentou fugir de mim, ou rebelou-se de alguma maneira. Feio apenas olhava para mim, confiando completamente que eu aliviaria sua dor.


Feio morreu em meus braços antes que eu entrasse em meu apartamento. Eu me sentei e fiquei abraçada com ele por muito tempo, pensando sobre como este gato vira-lata deformado e coberto de cicatrizes havia mudado minha opinião sobre o que significava a genuína pureza de espírito e sobre como amar incondicionalmente. Feio me ensinara mais sobre doação e compaixão do que qualquer ser humano. E eu sempre lhe serei grata por isto. Chegara a hora de eu seguir em frente e aprender a amar verdadeira e incondicionalmente. Chegara a hora de dar meu amor para aqueles que me eram caros, mesmo que meus olhos nunca tivessem visto nenhum deles...

( Lilian Moraes )


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Chico Xavier e os Animais

" Nossos Benfeitores Espirituais nos esclarecem que é preciso que todos nós consideremos que os animais diversos, a nos rodearem a existência de seres humanos em evolução no planeta Terra, são nossos irmãos menores, desenvolvendo em si mesmos o próprio princípio inteligente. Se nós, seres humanos já alcançamos os domínios da inteligência desenvolvendo agora as potências intuitivas, eles, os animais, estão aperfeiçoando paulativamente seus instintos na busca da inteligência. da mesma maneira que nós humanos aspiramos alcançar algum dia a angelitude na Vida Maior, personificada em nosso mestre o Senhor Jesus, eles, os animais aspiram ser num futuro distantes homens e mulheres inteligentes e livres. Assim sendo, nós podemos nos considerar como irmãos mais velhos e mais experimentados dos animais. Ora, nós sabemos que a Lei Divinas do Amor e Solidariedade entre seres e por isso, podemos facilmente concluir que as ações dos seres humanos, que Deus outorgou a condição e proteção de nossos irmãos mais novos animais. E o que é que esta Humanidade terrestre tem agido em relação aos animais nos inúmeros séculos de nossa história.


Porventura nós, os homens não temos nos convertidos em algozes dos animais ao invés de seus protetores fiéis. Quem ignora que a vaca sofre imensamente a caminho do matadouro? Quem dúvida que minutos antes do golpe fatal os bovinos derramam lágrimas de angústia? Não temos treinado determinadas raças de cães exaustivamente para o morticínio e os ataques? Que dizemos das caçadas impiedosas de aves e animais silvestres unicamente pôr prazer
esportivo? Que dizermos das devastações inconseqüentes do meio ambiente?


Tudo isto se ressume em graves responsabilidades para o seres humanos, angústia, o medo e o ódio que provocamos nos animais lhes altera o equilíbrio natural de seus princípios espirituais, determinando ajustamentos em posteriores existências, a se configurarem por deformidades congênitas. A responsabilidade maior recairá sempre nos desvios de nós mesmos, que não soubemos guiar os animais no caminho do Amor e do Progresso, seguindo a Verdade de Deus.


Agora vejamos, se determinado cão é treinado para o ataque e a morte com requinte de crueldade, se ele é programado para o mal, pode ocorrer que em um determinado momento de angústia este mesmo cão treinado para atacar estranhos, ataque crianças de sua própria casa ou próprios donos. Aí teremos um desajuste induzido pela irresponsabilidade humana. Ora, este mesmos cão aspira crescer espiritualmente para a Inteligência e o Livre - Arbítrio.Mas para isto ele precisa experimentar o sofrimento que lhe reajuste o campo emotivo, aprendendo pouco a pouco a Lei de Ação e Reação. Assim, ele provavelmente renascerá com sérias inibições congênitas. A responsabilidade de tudo isto, no entanto, dever-se-a à maldade humana".

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São Francisco e o lobo

Certa feita, estando Francisco de Assis em peregrinação pela cidade de Gubbio, ao norte de Assis, soube que a população daquela região estava em desassossego, pois ali morava, nas encostas de determinados penhascos, um lobo feroz, que já tinha devorado muitos animais, e mesmo algumas crianças. O lobo era remanescente de uma alcatéia, da qual ficara afastado por doença, fazendo morada de uma caverna que encontrara, alimentando-se de animais que por ali passavam, atacando igualmente seres humanos descuidados.


Tantos foram os prejuízos verificados e o pânico espalhado pela região, que a população foi ao seu encontro, para que ele abençoasse aquele lobo, e rogasse a Deus que o fizesse desaparecer, para que a paz se restabelecesse. As mães aflitas imploravam a Pai Francisco que tivesse piedade e as ajudasse, prometendo-lhe fazer qualquer penitência, desde que se livrassem do perigoso animal.


Pai Francisco ouviu, com paciência, o apelo da população e prometeu fazer alguma coisa em benefício de todos. Iria pedir a Deus para que o lobo procurasse outro lugar, que não fosse aglomeração humana. E Francisco, como de costume, à noite, entrou em meditação e em oração ao Senhor. Nestas horas, os seus ouvidos sempre registravam coisas fora do comum dos homens. E foi o que ocorreu, ao pedir a Deus nestes termos:


- Meu Deus!... Meu Senhor!... Permite que Te peça algo, talvez inoportuno, mas que está na alma do povo, por onde estamos passando, e a quem queremos levar o Evangelho do Teu Filho e Nosso Mestre, que nos pede alguma coisa que lhe possa trazer a paz e tranqüilidade física. Que afastes, Senhor, o lobo que os ataca, pois bem sabes o que ele anda fazendo, matando animais e ferindo homens, amedrontando a população. Se for do Teu agrado, e se o merecermos, faze com que esse lobo saia dessa região e procure outro lugar onde ele possa sentir-se melhor, e os homens viverem em paz.


Jesus ajuda-nos a compreender as necessidades dos nossos semelhantes, e fazer por eles alguma coisa; Maria, mãe de Jesus, cobre-nos a todos com o teu manto de luz, confortando os nossos corações tribulados, mas que seja feita a vontade do Senhor e não a nossa.


E no sintervalo em que reinava o silêncio, Francisco, à espera de resposta, ouviu no fundo d'alma um cântico a lhe responder o que deveria ser feito, em um tom harmonioso e cheio de ternura:


- Francisco, ouve-me!... O lobo tem o direito de ficar onde quer que seja, arriscando também a sua vida. Para onde devemos mandá-lo? Ele tem necessidade de algo que existe entre os homens. Esses não procuram melhoria no bem-estar e no convívio com irmãos da mesma e de outras raças? É , pois, um direito que assiste a quem vive, a qualquer criatura nascida de e por Deus. Como expulsar e sacrificar um animal, somente para satisfazer pessoas, algumas sem piedade até para com os próprios semelhantes? O egoísmo dos homens é que os faz sofrer, não simples animais, que pedem socorro, com os recursos que possuem.


Vai , Francisco, conversar com ele, o lobo. Depois de entendê-lo, volta e conversa com os homens, e vê se os entende, o que acho mais difícil. Procura fazer uma aliança entre um e outros, para que o que sofre, não falte a quem tem fome, e que , depois de amansada a fera, não a maltratem, pois quase sempre, depois da paz, surge o abuso. O lobo tem fome, Francisco!...


Francisco despertou do êxtase e sentiu o drama do velho lobo. E partiu para uma das gargantas do Monte Calvo, situado nos Apeninos. O grande animal, ao ouvir a voz cantante de um homem, saiu do seu esconderijo, talvez pensando em alimento e água, esquelético e meio fraco. Vidrou os olhos no pequeno homem de Deus, e esse lhe falou mansamente:


- Irmão Lobo!... Que a paz seja contigo, seja feita a vontade de Deus e não a nossa! Eu sou de paz. Venho pedir-te em nome de Deus e de Jesus, que tenhas um pouco de confiança nos homens, porque nem todos são violentos; muitos são bons e gostam de animais. Podes conviver em paz com eles e comer o mesmo que eles.
Espero que em ouças. Peço-te para ir comigo até eles e lhes pedirei para te atender nas tuas necessidades. Eu também sou um animal; nada tenho aqui para te dar, a não ser o meu carinho, mas prometo que te darei a amizade de todos, naquilo que possam te ofertar. As mães estão chorosas, temendo por seus filhos. Vem comigo, que serás compensado por Deus.


O lobo, a essa altura, já estava deitado aos pés de Francisco, roçando seu longo pescoço nas pernas do seu protetor, submetendo-se com confiança. Este ajoelhou-se, pôs-lhe as mãos sobre a atormentada cabeça e agradeceu a Deus pela nova amizade. Ao lado dos dois estava uma pequena falange de Espíritos da natureza, alguns na forma de animais, festejando aquela aliança no sentido de despertar nos homens, o amor para com os animais, e nestes, o amor para com aqueles.
O futuro nos promete que a cobra viverá em paz com o batráquio, o rato com o gato, o cão com o felino, o cordeiro com o lobo, e que os homens viverão em paz com os próprios homens.


Francisco olhou para o lobo e disse com piedade:
- Vamos, meu irmão; desçamos juntos, para junto dos homens, pois somos todos filhos de Deus!


Francisco seguiu na frente e o lobo o acompanhou com passadas lentas, mas sem perder o seu guia. Ao chegar ao lugarejo, o povo saiu às portas assombrado com o fenômeno. Muitos já conheciam o feroz animal, que naquele momento tornou-se um companheiro manso e obediente, na sombra do santo. Esse assentou-se em um cepo, ao lado de uma casa, e o lobo aproximou-se de seu companheiro, que passava lentamente a mão sobre o seu corpo descarnado, falando-lhe com serenidade:
- Irmão lobo, este lugar é também seu. Considera-te filho deste abençoado rebanho de ovelhas humanas que irão te tratar como se fosses filho. Nada vai te faltar, nem água, nem comida, nem o carinho de todos os irmãos em Cristo que aqui residem, e para tanto, vamos de casa em casa confirmar o que desejamos. Se, porventura, tivesse de morder alguém aqui, faze isso comigo agora; não deves trair o que combinamos, eu te peço. Jesus Cristo gosta muito dos animais, tanto que preferiu nascer em uma estrebaria, a nascer em palácio. Ele poderia escolher o lugar que quisesse, e buscou os animais; isto é uma prova de Amor por eles.
As mãos do Poverello corriam no lombo do animal, inundadas de luz que só o amor pode fornecer, e os olhos do animal deram um sinal que somente os humanos podem dar, o sinal das lágrimas, porque é mais fácil chorar do que sorrir.


Francisco levantou-se, tornou a chamar seu companheiro e foi de porta em porta, em nome de Deus e de Cristo, pedindo aos moradores para que não faltassem água e alimento para o lobo, e todos, vendo a mansidão do animal junto a Francisco, concordavam.


O filho de Assis ficou alguns dias na região, até o povo acostumar-se com a convivência do animal, e o lobo ficava de porta em porta, comendo e bebendo. Engordou, tomando outras feições, mas, conservou-se sempre manso. Uivava nas madrugadas, sentindo saudades do Santo de Assis.


No fim da sua vida, já suportava até pancadas por parte dos transeuntes, ao tentar acompanhar algumas pessoas. Era mordido por cães agitados que percorriam a cidade, e muitos deles tomavam a sua comida, sem que ele se revoltasse com o fato. Nunca brigava com seus adversários e, por fim, já doente, não tinha forças para andar de casa em casa em busca de alimento. Acomodou-se em uma velha casa, onde mãos caridosas fizeram-lhe uma cama de palha, que foi o seu leito de morte. Muitos moradores levavam para ele o que comer e beber, e, em uma madrugada, escutou-se o lobo uivar, por ver na sua retina um frade a convidá-lo para um passeio. Quando fez força para levantar-se, o fez, não com o corpo físico: levantou-se no outro mundo, em seu duplo etérico, e acompanhou o frade, mostrando pela cauda, a alegria que estava sentindo no coração. E desapareceram no infinito os dois filhos de Deus.

( Trecho do livro Francisco de Assis pelo espírito Miramez )

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Albert Schweitzer - Exemplo de amor aos animais

É um homem grande, 1,90m de altura; obviamente, um homem forte. Seus cabelos castanhos já estão grisalhos. E tem um grande bigode. Seus olhos profundos são azuis e bondosos. E o seu piscar revela humor. Um veadinho se esfrega nele pedindo carinho e sua mão grande deixa a caneta sobre a mesa e delicadamente agrada o bichinho. Lá fora, os crocodilos algumas vezes


dormem com suas enormes mandíbulas abertas. E há os hipopótamos, os pelicanos, a vegetação impenetrável que se reflete nas águas barrentas do rio.
A aparência é de um homem plantado neste mundo. Mas não é verdade. Seu coração e sua cabeça movem-se de acordo com uma lógica estranha de um outro mundo que só ele vê.


Nasceu em 1875, numa aldeia da Alsácia, filho de um pastor protestante. Desde muito cedo ficou claro que ele era diferente. Sua sensibilidade para a música chegava à dor. Ele mesmo conta que, na primeira vez em que ouviu duas vozes cantando em dueto- ele era muito pequeno ainda-, teve de se encostar na parede para não cair. Em outra ocasião, ouvindo pela primeira vez um conjunto de metais, ele quase desmaiou por excesso de prazer. Com cinco anos
começou a tocar piano. Mas logo se apaixonou pelo órgão de tubos da igreja na qual o seu pai era pastor. Aos nove anos já era o organista oficial da igreja, e tocava para os serviços religiosos.


Sentimento amoroso idêntico lhe provocavam os animais. Ele relata que, mesmo antes de ir para a escola, lhe era incompreensível o fato de que nas orações da noite que sua mãe orava com ele, apenas os seres humanos fossem mencionados."Assim, quando minha mãe terminava as orações e me beijava, eu orava silenciosamente uma oração que compus para todas as criaturas vivas: "Oh, Pai celeste, protege e abençoa todas as coisas que vivem; guarda-as do mal e faz com que elas repousem em paz." Ele conta de um incidente acontecido quando ele tinha sete ou oito anos de idade. Um amigo mais velho ensinou-o a fazer estilingues. Por pura brincadeira. Mas chegou um momento terrível. O amigo convidou-o a ir para o bosque matar alguns pássaros. Pequeno, sem jeito de dizer não, ele foi.


Chegaram a uma árvore ainda sem folhas onde pássaros estavam cantando. Então o amigo parou, pôs uma pedra no estilingue e se preparou para o tiro. Aterrorizado, ele não tinha coragem de fazer nada. Mas nesse momento os sinos da igreja começaram a tocar, ele se encheu de coragem e espantou os pássaros. Seu amor pelas coisas vivas não era apenas amor pelos animais. Ele sabia que por vezes era preciso que coisas vivas fossem mortas para que outros vivessem. Por exemplo, para que as vacas vivessem os fazendeiros tinham de cortar a relva florida com ceifadeiras. Mas ele sofria vendo que, tendo terminado o trabalho de cortar a relva, ao voltar para casa, as suas ceifadeiras fossem esmagando flores, sem necessidade. Também as flores têm o direito de viver. Também não podia contemplar o sofrimento dos animais em cativeiro.


"Detesto exibições de animais amestrados. Por quanto sofrimento aquelas pobres criaturas têm de passar a fim de dar uns poucos momentos de prazer a homens vazios de qualquer pensamento ou sentimento por eles." O nome desse jovem era Albert Schweitzer. Doutourou-se em música, tornou-se o maior intérprete de Bach da Europa, dando concertos continuamente. Doutourou-se em teologia e escreveu um dos mais importantes livros de teologia deste século. Doutourou-se também em filosofia, e era professor na Universidade de Estrasburgo, sendo também pastor e pregador.


Schweitzer tinha tudo aquilo que uma pessoa normal poderia desejar. Ele era reconhecido por todos. Mas havia uma frase de Jesus que o seguia sempre:"A quem muito se lhe deu, muito se lhe pedirá." E, aos vinte anos, ele fez um trato com Deus. Até os trinta anos ele iria fazer tudo aquilo que lhe dava prazer: daria concertos, falaria sobre literatura, sobre teologia, sobre filosofia. Aos trinta anos ele iniciaria um novo caminho. E foi o que ele fez. Aos trinta anos entrou para a escola de medicina, doutourou-se e mudou-se para a África, para tratar de uns pobres homens atacados pelas doenças e abandonados. E lá passou o resto de sua vida.


É preciso entender que Schweitzer não era só um médico curando doentes. Ele não se conformaria com isso. Dentro dele viviam a música, a filosofia, o misticismo, a ética. Schweitzer não parava, e ele se perguntava: "qual é o princípio ético?" De repente, como um relâmpago, apareceu na sua cabeça a expressão: "reverência pela vida." Tudo o que é vivo deseja viver. Tudo o que é vivo tem o direito de viver. Nenhum sofrimento pode ser imposto sobre as coisas vivas, para satisfazer os desejos dos homens.


Há algo estranho na psicologia de Schweitzer. Um dos maiores desejos da alma humana - de todos - é o desejo de reconhecimento. Na Europa Schweitzer era admirado universalmente: organista, filósofo, teólogo, escritor. Aos vinte e poucos anos seu nome já era símbolo. Aí toma uma decisão que o levaria para longe de todos os olhos que o admiravam: a absoluta solidão de uma aldeia miserável. Hoje uma decisão como a dele seria imediatamente notada: os jornais e a televisão logo fariam brilhar a sua imagem de cavaleiro solitário - e ele apareceria como herói. Seria grande, imensamente grande na sua renúncia! Também as renúncias podem ser motivos de vaidade! (A esse respeito relembro a última cena do filme O advogado do diabo, merece ser visto de novo.) Mas ele opta pela invisibilidade, a solidão, longe de todos os olhos e de todos os aplausos. Isso só tem uma explicação: ele era, antes de tudo, um místico. O que lhe importava não era o brilho narcísico mas a consciência de ser verdadeiro com o princípio de "reverência pela vida", o seu mais alto princípio religioso.


Esse princípio, Schweitzer viveu intensamente. Não é difícil ter reverência pelas coisas fracas: a relva, os insetos, os animais. Fracos, eles não têm o poder de nos resistir. Difícil é ter reverência pelos homens fortes, que se encontram ao nosso lado. Jesus ordenou "amar o próximo", Porque é fácil amar o distante. O próximo é aquele que está no meu caminho, que tem o poder de me dizer não. Mais difícil que amar os doentes, que são carência pura, dependência pura, mendicância pura, á amar aqueles que estão ao meu lado e que são tão fortes como eu. Reverência pelos que estão ao meu lado. Se Schweitzer se relacionou com os animais tanto como com os pobres negros doentes por meio da compaixão, ele se relacionou com seus próximos, iguais, companheiros de hospital, por meio de amizade. E ele formula, na sua Ética, o princípio de que "um homem quanto um animal nunca pode ser sacrificado para um fim." Schweitzer não era um ser deste mundo. Talvez ele tenha compreendido isso e essa tenha sido uma das razões por que ele saiu do mundo civilizado, embrenhado-se nas selvas da África. No mundo civilizado, das organizações, será possível ter reverência pelo próximo? Na lógica das organizações não há "próximos" nem amigos. A lógica das organizações diz: "Cada funcionário é apenas um meio para o fim da organização, não importa quão grandioso ele seja!" Nas organizações os sinos das igrejas não tocam para impedir que o pássaro seja morto.


Fonte: "O Amor Que Acende a Lua" ( Rubem Alves )

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Boneca & Chico Xavier
( Adelino da Silveira )


Chico Xavier tinha uma cachorra de nome Boneca, que sempre esperava por ele, fazendo grande festa ao avistá-lo. Pulava em seu colo, lambia-lhe o rosto como se o beijasse.


O Chico então dizia :
- Ah Boneca , estou com muitas pulgas !!!!
Imediatamente ela começava a coçar o peito dele com o focinho.

Boneca morreu velha e doente. Chico sentiu muito a sua partida. Envolveu-ano mais belo xale que ganhara e enterrou-a no fundo do quintal, não sem
antes derramar muitas lágrimas.

Um casal de amigos, que a tudo assistiu , na primeira visita de Chico aSão Paulo, ofertou-lhe uma cachorrinha idêntica à sua saudosa Boneca. A filhotinha, muito nova ainda, estava envolta num cobertor, e os presentes a pegavam no colo, sem contudo desalinhá-la de sua manta. A cachorrinha recebia afagos de cada um.

A conversa corria quando Chico entrou na sala e alguém colocou em seus
braços a pequena cachorra. Ela, sentindo-se no colo de Chico, começou a se agitar e a lambê-lo.
- Ah Boneca , estou cheio de pulgas !!! disse Chico
A filhotinha começou então a caçar-lhe as pulgas , e parte dos presentes,que conheceram a Boneca, exclamaram: "Chico , a Boneca está aqui ,é a
Boneca,Chico !! "

Emocionados perguntamos como isso poderia acontecer. O Chico respondeu :
- Quando nós amamos o nosso animal e dedicamos a ele sentimentos sinceros,ao partir, os espíritos amigos o trazem de volta para que não sintamos sua falta. É , Boneca está aqui, sim, e ela está ensinando a esta filhota os
hábitos que me eram agradáveis.

Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais , na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Por isso, quem chuta ou maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.

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O gato - Arthur da Tavola

Bichos polêmicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez porisso. Nada é mais incômodo que o silencioso bastar-se dos gatos. O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece. O homem quer o bicho espojado, submisso, cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. Só as saudáveis. Lembrei, então, de dizer, dos gatos, o que a observação de alguns anos me deu. Quem sabe, talvez, ocorra o milagre de iluminar um coração a eles fechado? Quem sabe, entendendo-os melhor, estabelece-se um grau de compreensão, uma possibilidade de luz e vida onde há ódio e temor? Quem sabe São Francisco de Assis não está por trás do Mago Merlin, soprando-me o artigo?
Já viu gato amestrado, de chapeuzinho ridículo, obedecendo às ordens de um pilantra que vive às custas dele? Não! Até o bondoso elefante veste saiote e dança a valsa no circo. O leal cachorro no fundo compreende as agruras do dono e faz a gentileza de ganhar a vida por ele. O leão e o tigre se amesquinham na jaula. Gato não. Ele só aceita uma relação de independência e afeto. E como não cede ao homem, mesmo quando dele dependente, é chamado de arrogante, egoísta, safado, espertalhão ou falso. "Falso", porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afeto com troca e respeito pela individualidade. O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exata medida da relação que dele parte. Sábio, é espelho. O gato é zen. O gato é Tao. Ele conhece o segredo da não-ação que não é inação. Nada pede a quem não o quer. Exigente com quem ama, mas só depois de muito certificar-se. Não pede amor, mas se lhe dá, então ele exige. Sim, o gato não pede amor. Nem depende dele. Mas, quando o sente, é capaz de amar muito. Discretamente, porém sem derramar-se. O gato é um italiano educado na Inglaterra. Sente como um italiano mas se comporta como um lorde inglês.

Quem não se relaciona bem com o próprio inconsciente não transa o gato. Ele aparece, então, como ameaça, porque representa essa relação precária do homem com o (próprio) mistério. O gato não se relaciona com a aparência do homem. Ele vê além, por dentro e pelo avesso. Relaciona-se com a essência. Se o gesto de carinho é medroso ou substitui inaceitáveis (mas existentes) impulsos secretos de agressão, o gato sabe. E se defende do afago. A relação dele é com o que está oculto, guardado e nem nós queremos, sabemos ou podemos ver. Por isso , quando surge nele um ato de entrega, de subida no colo ou manifestação de afeto, é algo muito verdadeiro, que não pode ser desdenhado. É um gesto de confiança que honra quem o recebe, pois significa um julgamento.

O homem não sabe ver o gato, mas o gato sabe ver o homem. Se há desarmonia real ou latente, o gato sente. Se há solidão, ele sabe e atenua como pode (ele que enfrenta a própria solidão de maneira muito mais valente que nós). Se há pessoas agressivas em torno ou carregadas de maus fluidos, ele se afasta. Nada diz, não reclama. Afasta-se. Quem não o sabe "ler" pensa que "ele não está ali. Presente ou ausente, ele ensina e manifesta algo. Perto ou longe, olhando ou fingindo não ver, ele está comunicando códigos que nem sempre (ou quase nunca) sabemos traduzir.

O gato vê mais e vê dentro e além de nós. Relaciona-se com fluidos, auras, fantasmas amigos e opressores. O gato é médium, bruxo, alquimista e parapsicólogo. É uma chance de meditação permanente a nosso lado, a ensinar paciência, atenção, silêncio e mistério. O gato é um monge portátil à disposição de quem o saiba perceber. Monge, sim, refinado, silencioso, meditativo e sábio monge, a nos devolver as perguntas medrosas esperando que encontremos o caminho na sua busca, em vez de o querer preparado, já conhecido e trilhado. O gato sempre responde com uma nova questão, remetendo-nos à pesquisa permanente do real, à busca incessante , à certeza de que cada segundo contém a possibilidade de criatividade e de novas inter-relações, infinitas, entre as coisas.

O gato é uma lição diária de afeto verdadeiro e fiel. Suas manifestações são íntimas e profundas. Exigem recolhimento, entrega, atenção. Desatentos não agradam os gatos. Bulhosos os irritam. Tudo o que precise de promoção ou explicação, quer afirmação. Vive do verdadeiro e não se ilude com aparências. Ninguém em toda natureza aprendeu a bastar-se (até na higiene) a si mesmo como o gato!Lição de sono e de musculação, o gato nos ensina todas as posições de respiração ioga. Ensina a dormir com entrega total e diluição recuperante no Cosmos. Ensina a espreguiçar-se com a massagem mais completa em todos em todos os músculos, preparando-os para a ação imediata. Se os preparadores físicos aprendessem o aquecimento do gato, os jogadores reservas não levariam tanto tempo (quase 15 minutos) se aquecendo para entrar em campo. O gato sai do sono para o máximo de ação, tensão e elasticidade num segundo. Conhece o desempenho preciso e milimétrico de cada parte do seu corpo, a qual ama e preserva como a um templo.

Lição de saúde sexual e sensualidade. Lição de envolvimento amoroso com dedicação integral de vários dias. Lição de organização familiar e de definição de espaço próprio e território pessoal. Lição de anatomia, equilíbrio, desempenho muscular. Lição de salto. Lição de silêncio. Lição de descanso. Lição de introversão. Lição de contato com o mistério, com o escuro, com a sombra. Lição de religiosidade sem ícones. Lição de alimentação e requinte. Lição de bom gosto e senso de oportunidade. Lição de vida, enfim, a mais completa, diária, silenciosa, educada, sem cobranças, sem veemências, sem exigências.

O gato é uma chance de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à disposição do homem.

Artur da Távola

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Ter um animal, dependendo das condições, não é mérito nenhum..

São Pedro tirou férias e São Francisco o substituiu, por bem conhecer a alma humana. Após alguns dias, no entanto, notou-se que menos pessoas estavam entrando no céu.

Um anjo curioso foi ver se descobria porque e ficou a observar São Francisco.

O próximo da fila era um homem bem apessoado, de aparência até nobre. Qual não foi o espanto do anjo quando viu que, enquanto o homem se aproximava de São Francisco, pulou no colo do Santo um belo pastor alemão.

- Feroz, aí está o seu antigo senhor. O que me dizes? perguntou o Santo ao cão.

- São Francisco, ele me deixou preso a uma corrente minha vida inteira, fizesse sol ou chuva, e me chutava e me batia todo o tempo. Até que um dia não resisti e estou aqui!

Ao homem, São Francisco fechou as portas do céu.

Então, foi a vez de uma senhora de aparência bondosa. No colo do Santo, uma gata persa que disse:

- São Francisco, ela me mostrava aos amigos que chegavam e passeava comigo no shopping. Mas em casa, me esquecia num canto e viajava sem me deixar água ou comida suficiente. Quando adoeci, sem ao menos tentar me salvar, ela mandou me sacrificar e comprou outro pobre animal.

São Francisco também lhe fechou as portas do céu.

Chegou então uma jovem. Uma gatinha novinha logo pulou no colo do santo.

A jovem disse assustada:

- Mas nunca tive filhotes! Somente um gato macho que ainda vive!

A gatinha miou baixinho:

- Eu sou um dos filhotinhos que seu gato gerou na rua e que, abandonados, desnutridos, morreram doentes poucos dias depois de nascidos. Tudo porque você não queria castrá-lo, nem deixá-lo em casa.

Essa jovem também não entrou no céu.

Finalmente, chegou a vez de um senhor idoso. Mas, quando ele chegou a São Francisco, nenhum animal apareceu. O Santo perguntou:

- Nunca tiveste um bicho de estimação?

O senhor respondeu:

- Não! Porque não quis animais de estimação.

Verificadas outras pendências, São Francisco abriu as portas do céu para
o homem.

O anjo, surpreso, perguntou:

- Mas ele desgostava tanto dos bichos que nem os tinha!

São Francisco respondeu:

- Não ter bichos não é pecado. Os homens que dizem gostar e os têm e os tratam mal, como se fossem bibelôs ou brinquedos, se esquecem que seus animais de estimação não são suas criaturas, mas criaturas de Deus aos homens confiadas para alegrar suas vidas. Esses sim, prestarão contas de como cuidaram dos animais sob sua responsabilidade.



Texto de Suzane de Castro - advogada

Revista Pulo do GATO - Edição nº 12


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MILA
Carlos Heitor Cony

Era pouco maior do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a no peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo do vento. O que fazer contra o vento? Amá-la - foi a resposta e também acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou a cabeça em meus joelhos, não exigiu minha festa, não queria disputar espaço, ser maior que a minha tristeza.
Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou ainda mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu "fumos fidalgos", como o Dom Casmurro, de Machados de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior que a minha mão, bem maior que o meu peito, levei-a até o fim.
Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
Até o último momento, olhou para mim, me escolhendo e me aceitando. Levei-a em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.
Das coisas boas que Mila me deixou, além da saudade brutal que não vai embora, a mais importante é Títi, uma setter dourada como sua mãe, que esta semana completou dez anos. Tanto o socialismo como o neoliberalismo, com motivações antagônicas, acreditam que os homens devam ser iguais. Pode ser. Com os cachorros é diferente.
Mila não perdia tempo com banalidades. Nunca se rebaixou a ver TV. Dava-lhe as costas, preferia ficar me assistindo, eu era seu espetáculo - o que era recíproco. Contudo, não podia ver uma videogravadora ou máquina fotográfica apontada para ela, logo fazia caras e bocas, era uma lady, uma rainha de Sabá.
Títi é diferente. Despreza ser fotografada, em compensação, adora ver TV - mais até do que o recomendável. A mania começou há cinco anos, com a Guerra do Golfo. Ela cismou com a cara do Saddam Hussein e latia para ele. Enquanto durou a guerra, vigiou a TV, esperando que ele aparecesse para encoleriza-la. Meu vizinho judeu veio reclamar dos latidos, quando soube para quem Títi latia, pediu desculpas, a mim e a ela.
A guerra acabou, a mania ficou. Com o tempo, Títi descobriu outras coisas para gostar ou desdenhar na TV. Não gosta de desenhos animados nem de shows de auditório. Instalei um aparelho em seus domínios , ligado no canal Discovery, que exibe umas viagens pela África, animais, peixes, essas coisas. Ela passa horas diante daquilo que o canal chama de "maravilhas do nosso universo".
Basta eu apagar a luz e me deitar, ela abandona as maravilhas do nosso universo e vem dormir no tapete ao lado da minha cama. Quando tem pesadelo e começa a gemer, basta que eu bote a mão em sua cabeça que tudo passa.
Quando sou eu que enfrento meus fantasmas, faço a mesma coisa. Sinto sua cabecinha na minha mão - e os fantasmas, derrotados, urrando, são tragados pela noite e desaparecem.
Foi em dezembro, dez anos atrás. Mila teve nove filhotes, impossível ficar com a ninhada inteira, fiquei com aquela que me parecia mais próxima da mãe. Nasceu em minha casa, foi gerada em minha casa, nela viveu esses dez anos, participando de tudo, recebendo meu amigos na sala, cheirando-os e ficando ao lado deles - sabendo que, de alguma forma, devia homenageá-los por mim e por ela.
Ao contrário da mãe, que tinha alguma autonomia existencial, aquilo que eu chamava de "fumos fidalgos", como o Dom Casmurro, Títi era um prolongamento, o dia e a noite, o sol e todas as estrelas, o universo dela centrava-se em acompanhar, resumia-se em estar perto.
Quando Mila foi embora, há dois anos, ela compreendeu que ficara mais importante - e, se isso fosse possível, mais amada. Escoou com sabedoria a dor e o pranto, a ausência e a tristeza, e se já era atenta aos movimentos mais insignificantes da casa, com o meu tempo tornou-se um pedaço significante da vida em geral e do meu mundo particular.
Vida e mundo que deverão, agora, continuar sem ela - se é que posso chamar de continuação o que vem pela frente. Perdi alguns amigos, recentemente, mas foram perdas coletivas que doeram, mas, de certa forma, são compensadas pela repartição do prejuízo.
Perder Títi, é um "resto de terra arrancado" de mim mesmo - e estou citando pela segunda vez Machado de Assis, que criou um cão com o nome do dono (Quincas Borba) e sabia como ninguém que dono e cão são uma coisa só.
Essa "coisa só" fica mais só, nem por isso fica mais forte, como queria Ibsen. Fico apenas mais sozinho mesmo, sem ter aquele olhar que vai fundo na gente e adivinha até a alegria e a tristeza que sentimos sem compreender. Sem Títi, é mais fácil aceitar que a morte seja tão poderosa, desde que seja bem menos poderosa do que o amor.

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